Outro dia vi o filme "Control" sobre a vida e a morte de Ian Curtis e agora este texto faz todo o sentido. Mandou bem Julian.
"É melhor não ter nada, ou ter algo a perder?
Ian Curtis, vocalista do Joy Division, compôs essa música em 1979 (para quem não sabe Love Will Tears Us Apart é uma música, ou melhor um hino). Gravou um clipe com clima depressivo - onde ele aparece como um autômato repetindo um mantra: "O amor vai nos separar".
Pouco tempo depois ele se enforcou na cozinha de casa, aos 23 anos, e no auge do sucesso. Ian Curtis foi ofuscado pelo seu insight. Não aguentou a luz de sua própria revelação.
Dédalus, o arquiteto grego do labirinto de Creta, prisão do célebre Minotauro, o homem com cabeça de touro - que poderia ser de boi, já que nada se sabe acerca de seus genitais, ainda que ele solicitasse virgens com regularidade - ficou famoso não só por projetar o labirinto, mas também por ter fabricado um par de asas com o qual conseguiu a façanha de voar.
Na ocasião do seu primeiro vôo deu um par de asas a Ícaro, seu filho. Ícaro se empolgou além da conta e hipnotizado pelo brilho do sol voou na direção do astro-rei como uma mosca em direção à lâmpada. Teve um fim semelhante: suas asas derretaram e ele morreu esborrachado no chão.
Ícaro, que ganhou asas - e fez uso delas -, morreu. Curtis, que sempre as recusou, morreu também. No entanto a morte de Curtis nos soa poética, e a de Ícaro, patética.
A vida é estranha, e difícil."
O texto é do Julian Irusta, um grande amigo, articulado, inteligente, radical e intenso. Eis o blog dele: www.palitonageral.blogspot.com
1 comentário:
Pô cara, obrigado por publicar meu texto no teu blog. E mais ainda, pela sequência de adjetivos no final.
Abraço,
Julian
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