"Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de outubro de 1974
A extrema humildade e modéstia de um veterano litógrafo, fêz com que permanecesse, até agora, no anonimato, a sua importante contribuição na criação das Balas Zequinha - fascinante forma de comunicação popular eminentemente curitibana e que só este ano mereceu uma primeira pesquisa, empreendida pelo homem de TV Valencio Xavier ("Desembrulhando as Balas Zequinha", boletim informativo nº 1 da Fundação Cultural, agosto/74). Ao se propor a estudar o surgimento das Balas Zequinha - que durante quatro décadas encantaram gerações de curitibanos, Valencio Xavier tentou, em vão, localizar quem tinha sido o desenhista do simpático personagem. Entrevistas com familiares dos três diferentes fabricantes do produto - irmãos Sobania, Franschini e, finalmente Gabardo & Massocheto, que, sucessivamente exploraram o personagem a partir de 1929 (data provável) - não foram suficientes para esclarecer esta importante questão.
Agora, num trabalho da pesquisadora Karim Bachstein, do Museu de Arte Contemporânea, foi localizado um dos desenhistas das Balas Zequinha: o litógrafo Paulo Carlos Rohrbach, 50 anos, funcionário de 1939/53 da Impressora Paranaense, hoje chefe da secção de Aerofotogrametria da Fundação Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Paraná criou os desenhos das Balas Zequinha a partir do número 51 ("Trocando Colarinho") até o raríssimo nº 200 (Zequinha Distribuindo"). Seu depoimento, digno de todo o crédito, aponta o gráfico alemão Alberto Thiele (1899-1972), durante décadas funcionário da Impressora Paranaense, como o homem que teria criado a figura de Zequinha, fazendo as primeiras [cinqüenta] situações do simpático personagem, lançadas no final da década de 20. Posteriormente, com o sucesso das Balas e natural desejo de seus fabricantes em ampliarem as coleções (e seus lucros), Rohrbach começou a imaginar novas situações, "tendo que dar tratos à bola pra criar as diferentes funções ao curitibano Zequinha", explica. Extremamente humilde, tanto é que procurou manter este seu trabalho no maior anonimato até agora (só mesmo por amizades e [família], a pesquisadora Karim conseguiu localizá-lo), Rohrbach criou ainda duas outras coleções de figurinhas para balas - "O Vingador" e "Red Boy", ambas inspiradas em histórias-em-quadrinhos (da qual se confessa um leitor até hoje) e que, por sua importância, merecem um estudo à parte."
Fonte: Tablóide Digital
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